O Projeto de Lei de Crimes Cibernéticos teve início dentro do Congresso Nacional, por iniciativa do Senador Eduardo Azeredo, e seu foco é tratar sobre os crimes cometidos utilizando a Internet. Seu objetivo principal é regulamentar questões polêmicas como o acesso a informações não autorizadas, a guarda do histórico de acessos nos provedores, o combate à pornografia Infantil, dentre outras práticas do mundo digital.
Entretanto, muitos estudiosos do Direito e da cultura da informação saíram em ataque a este projeto de lei, apontando falhas e pontos críticos que trariam diversos prejuízos à sociedade, especialmente no que tange à privacidade. As críticas foram tão contundentes que se chegou a apelidar o projeto de
AI-5 DIGITAL.
O que se argumenta é que o projeto tende a criminalizar toda a Cultura Digital, ou seja, diversas práticas que já são hoje bastante aceitas na Internet e que, em sua maioria, apenas atingem a grandes conglomerados econômicos, não merecendo sua excessiva atenção do ponto de vista da proteção social.
O ponto mais polêmico e mais criticado do projeto está ligado à perda do direito à privacidade. Critica-se as exigências que o projeto traz em ter todo e qualquer internauta devidamente identificado para que, assim, seja possível sua posterior punição por eventuais atos ilegais. A principal crítica é que essa identificação deveria ser feita apenas após a constatação de ato criminoso e não a princípio, como prevê o projeto.
A falta de rigor técnico é outro ponto muito criticado, uma vez que, em se tratando de norma penal, a lei, como encontra-se no projeto, poderia deixar brecha para interpretações prejudiciais à liberdade do cidadão.
Diversas manifestações populares se formaram para repudiar o projeto. Dentre os atos de repúdio, podemos citar o abaixo assinado online com 140 mil assinaturas para impedir a votação do projeto no Congresso, uma comoção (
flashmob) feita em praça pública para protestar contra o projeto (em 14/11/08), e a manifestação até mesmo do então Presidente da República, durante o 10º Fórum Internacional de Software Livre (FISL), em que o Presidente Lula manifestou-se expressamente contra o projeto e qualquer outra iniciativa que vise prejudicar a privacidade na Internet. Até mesmo o fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, chegou a manifestar seu repúdio ao projeto, declarando que “A liberdade de expressão é uma força preciosa e poderosa para a prosperidade e a paz, e leis que colocam isso em risco deveriam ser tratadas com muita cautela e precaução”.
Atualmente, esse projeto ainda se encontra em tramitação no Congresso Nacional, embora já tenha sofrido diversas alterações. A esperança de todos os movimentos citados é que o mesmo não seja aprovado. Entretanto, cabe ao Congresso decidir.
Jefferson Brito